O ferro tem funções importantes no organismo, como na produção de hemoglobinas para o transporte de oxigênio, no sistema imunológico e nas funções cognitivas. A deficiência desse mineral é um problema de saúde prevalente e muitas vezes subestimada, contudo, pode causar danos significativos a longo prazo.
Mulheres em fase de reprodução, lactantes, adolescentes e crianças até 5 anos são alguns dos principais grupos atingidos pela doença.
Entendendo a deficiência de ferro e suas causas
O Dr. Gilberto Kobashikawa, endocrinologista do Hospital Albert Sabin (HAS), enfatiza que tanto a escassez quanto o excesso de ferro podem afetar o funcionamento do sistema imunológico. Em contextos infecciosos, a privação de ferro para patógenos é uma estratégia do corpo para se defender. Por isso, em casos de infecções, a reposição desse nutriente não é recomendada. No entanto, os mecanismos exatos de como a deficiência de ferro influencia a resposta imunológica ainda não estão completamente compreendidos.
“Existem diversas causas para a deficiência de ferro, desde baixa ingestão alimentar até perdas anormais de sangue, complicações gastrointestinais e condições médicas específicas. Identificar precocemente os indivíduos em risco de anemia por deficiência de ferro é crucial para prevenir complicações futuras”, explica o Dr. Kobashikawa.
Perspectiva da obstetrícia e ginecologia
Em outra especialidade, o Dr. Raphael Gomes, ginecologista do HAS, destaca que a deficiência de ferro durante a gravidez pode acarretar complicações tanto para a mãe quanto para o feto. “Além de aumentar o risco de anemia, essa carência pode resultar em parto prematuro, baixo peso ao nascer e problemas no desenvolvimento fetal. Mulheres com menstruação intensa, distúrbios gastrointestinais ou condições médicas crônicas devem estar especialmente atentas aos níveis de ferro no organismo”, diz o médico.
Ele também ressalta que a deficiência do mineral pode estar relacionada a questões ginecológicas, como menstruação intensa e irregularidades no ciclo. Os períodos menstruais prolongados podem resultar em perda excessiva de sangue, levando à anemia.
Consequências e impactos a longo prazo
Os efeitos abrangem diversos sistemas do corpo humano. No circulatório, pode-se observar um aumento na frequência cardíaca e maior risco de problemas cardiovasculares. No sistema imunológico, a vulnerabilidade a infecções é aumentada. Já no sistema nervoso, sintomas como dificuldade de concentração, falta de energia e alterações de humor podem surgir.
A Dra. Natália Morales de Camargo, endocrinologista do HAS, alerta para os danos potenciais causados pela deficiência crônica de ferro. “A longo prazo, essa condição pode resultar em anemia, impactar o desenvolvimento infantil, aumentar o risco de doenças cardiovasculares e complicar a gravidez”, adverte a médica.
A deficiência de ferro é uma condição tratável, mas que demanda atenção e cuidados especializados. O diagnóstico precoce é essencial para evitar complicações a longo prazo. Consultar um profissional de saúde é crucial para uma avaliação detalhada e o estabelecimento de um plano de tratamento adequado.
“Em suma, estar ciente dos fatores de risco, realizar exames regulares e buscar orientação médica diante de quaisquer sintomas são passos fundamentais para mitigar os efeitos adversos da deficiência de ferro e preservar a saúde a longo prazo”, conclui a Dra. Natália.
Fonte: MCAtrês