O estresse é uma resposta do organismo a um estímulo. Quando estressado, o cérebro interpreta uma situação de risco ou perigo e libera diversos hormônios e substâncias químicas, como adrenalina, cortisol e norepinefrina, para preparar o corpo.
Tais hormônios agem diretamente no sistema cardiovascular. Eles desencadeiam a vasoconstrição das artérias, diminuindo a oferta de sangue no coração. Esse processo baixa o fluxo de sangue nas coronárias, o que pode levar a uma crise de angina ou até infarto. A pressão arterial também pode ser alterada, causando crises hipertensivas com sintomas como dor de cabeça, tontura, náuseas e desmaios. Em casos extremos, pode haver a incidência de infarto e AVC.
“Em primeiro lugar, o importante é diferenciar alguns níveis de estresses. Existe aquele que é necessário para o dia a dia, que se faz de maneira mais pontual e mais leve, porém, relevante para preparar o organismo a reagir em determinada situação”, explica o Dr. Luciano Trindade, cardiologista do Hospital Albert Sabin (HAS).
O médico complementa que há também o estresse pontual mais intenso, desencadeado, por exemplo, após uma discussão. “Esse já se torna mais perigoso, pois, pode levar a alterações súbitas da pressão arterial e frequência cardíaca. Caso a pessoa já seja portadora de alguma doença cardiovascular, pode funcionar como um “gatilho” para desencadear algo mais grave como, infarto, AVC ou arritmia”.
Por fim, existe o estresse crônico constante, que vem de maneira elevada durante todos os dias e que, pouco a pouco, aflige o organismo e leva a sérios problemas de saúde, tendo como causas problemas pessoais, profissionais, financeiros e outros.
O estresse constante leva a uma série de outras alterações no organismo que, em conjunto, podem prejudicar o coração. Entre elas:
– Perda ou aumento de apetite – Existem pessoas que param totalmente de se alimentar, causando a falta de nutrientes essenciais ao organismo. Por outro lado, há outras que, para compensar o estresse, comem compulsivamente. Esse processo pode aumentar o peso, os níveis de açúcar e colesterol do sangue e, com isso, ampliar a chance de desenvolver doenças cardíacas.
– Insônia – A privação do sono é muito prejudicial para o sistema cardiovascular, pois, expandem a liberação dos hormônios e intensificam a elevação da pressão arterial. O sono reequilibra o organismo.
“A insônia também pode intensificar vícios como tabagismo e o alcoolismo, causando, além dos sintomas já citados, arritmias cardíacas, piora respiratória e aumento da irritabilidade”, alerta o Dr. Trindade.
Vale lembrar um problema frequente chamado Síndrome de Takotsobo, ou “Síndrome do Coração Partido”, que se dá, geralmente, após um quadro muito grande de estresse, como a perda de um ente querido, do emprego, após um acidente e em outras situações. Na maioria das vezes, acomete mulheres após os 40 anos e/ou “pós menopausa”. Essa alteração se assemelha a um quadro de infarto, com sintomas como dor no peito, mal estar e falta de ar. É causada pela liberação excessiva de catecolaminas.
Como forma de atenuação do estresse cotidiano, a dica é, inicialmente, identificar a causa e, se possível, tentar resolver e nunca postergar. Caso não seja viável, o mais indicado é começar a encarar os problemas de outras formas, com mais serenidade, mais equilíbrio emocional e, assim, não os deixar chegar ao ponto de se transformarem ou causarem doenças.
Mudanças no estilo de vida, como atividade física, melhora da qualidade do sono e alimentação balanceada são de grande valia no equilíbrio do organismo e, consequentemente, no combate ao estresse. Auxílio profissional, psicológico e psiquiátrico, também pode ajudar nesse processo.
“Infelizmente, o estresse é um dos vilões da vida contemporânea e suas consequências irão depender do tempo de exposição e de sua intensidade. Mesmo que o paciente não tenha nenhuma doença prévia, contudo, apresentar alguns dos sintomas citados após um forte estresse, deve procurar um serviço de emergência médica, onde será avaliado e realizará exames para descartar alguma alteração cardiovascular mais séria”, finaliza o Dr. Luciano.
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Fonte: MCAtrês