Válvulas cardíacas são estruturas anatômicas no interior do coração que regulam a passagem de sangue entre as cavidades do órgão. São formadas por duas ou três lâminas finas, com movimentos sincrônicos, que se encontram entre os átrios e os ventrículos (Tricúspide e Mitral) e na origem das grandes artérias do coração (Aórtica e Pulmonar).
A doença cardíaca valvular, ou doença das válvulas do coração, é uma alteração estrutural que vai interferir diretamente no funcionamento e movimentação desses folhetos das válvulas, dificultando a abertura e continência, levando a uma sobrecarga das cavidades que estão relacionadas a estas válvulas.
São causadas, principalmente, por dois tipos de problemas que acometem essas estruturas, a estenose e a insuficiência. A estenose, é um estreitamento da área efetiva da válvula, o que impede a passagem de sangue de uma cavidade a outra, sobrecarregando uma delas. Geralmente esse estreitamento acontece de forma progressiva por endurecimento ou calcificação das estruturas que formam a válvula. Já a insuficiência é um problema “oposto”, ou seja, um aumento efetivo da área valvar. “Por falta de fechamento dos folhetos, eles não se encontram. Seja por degeneração ou dilatação do anel de sustentação ou até mesmo pela rotura do folheto, o que impede que o coração consiga administrar e esvaziar o sangue das cavidades”, explica o Dr. Luis Anibal Larco Patino, cirurgião cardíaco do Hospital Albert Sabin de São Paulo (HAS).
O médico ainda diz que existe uma outra causa de doença valvar. As duas primeiras já descritas podem ser consideradas causas mecânicas, já a terceira é devido a infecção e é denominada Endocardite, que acomete diretamente o folheto da válvula, propiciando o crescimento de umas estruturas conhecidas como “vegetação”. “Tais estruturas dificultam o funcionamento das válvulas e podem provocar, em alguns casos, ao se soltarem e viajarem pela corrente sanguínea, um quadro denominado embolização que, dependendo para onde migrar, pode provocar AVC e/ou um infarto ou isquemia”, diz.
Se for diagnosticada uma causa Infecciosa (Endocardite), o tratamento inicial será a base de Antibióticos e, dependendo da localização da “vegetação” ou o risco de se soltar e ocasionar uma embolização, pode ser indicada a remoção cirúrgica. Se for um problema de Estenose ou Insuficiência, geralmente, após um tempo de acompanhamento clínico e piora dos sintomas, também será indicado o tratamento cirúrgico.
O diagnóstico é feito com base nos estudos dos sintomas, como falta de ar e cansaço físico, e quadro clínico. “Na avaliação clínica, o médico deve perceber a presença de um “sopro” ao auscultar o coração. O melhor exame para acompanhar a evolução dessa doença e fazer um diagnóstico preciso é o Ecocardiograma Transtorácico e, em alguns casos, complementar com o Ecocardiograma Transesofágico”, esclarece o Dr. Patino.
As válvulas atrioventriculares, pelas suas características anatômicas e posição no coração, podem ser reparadas por meio de uma técnica chamada de Plastia. Já as válvulas Aórtica e Pulmonar geralmente não permitem essa opção, contudo, como cada caso é único dentro de qualquer doença, caberá ao médico avaliar as possibilidades dessa intervenção ou, até mesmo, a substituição por uma prótese biológica ou mecânica.
Quanto ao risco de tais intervenções, são cirurgias com riscos altos, já que envolve não apenas o coração, mas também a parte pulmonar, renal e cerebral. “Dependem diretamente da circulação extracorpórea que é utilizada habitualmente neste tipo de cirurgia. Esse sistema permite que o sangue circule pelo corpo e se mantenha com taxas de oxigênio normais durante o ato cirúrgico, já que o coração e o pulmão estão “parados” para serem manipulados”, conta o cardiologista.
O médico lembra que o correto diagnóstico e a rapidez com que ele acontece são fatores essenciais para o tratamento, seja cirúrgico ou não, dessa e de qualquer outra cardiopatia. “Apresentando sintomas como falta de ar e/ou cansaço frequentes, procure sempre o cardiologista. O dinamismo é requisito básico, tanto no tratamento, quanto na cura dessa enfermidade”, finaliza.
Fonte: MCAtrês