Com a pandemia do novo coronavírus, a necessidade do alerta à sociedade em relação aos impactos negativos à saúde mental se torna maior e deve-se ter mais cautela. Consequências como o desemprego, medo, perda de familiares e/ou amigos causam estresse, ansiedade e depressão, fatores que aumentam consideravelmente o número de casos de atentados à própria vida. Além disso, com o isolamento social, o fato de as pessoas terem menos atividades presenciais dificulta ainda mais que alguém próximo perceba os sinais de alerta.
“A maioria das pessoas que tentam suicídio percebem os sinais de que isso possa acontecer e, normalmente, pedem ajuda médica. Contudo, com a quarentena, a pessoa tende a ter um comportamento mais introvertido, mantendo-se triste, e a apresentar condutas suicidas, como a falta de valorização própria e dos autocuidados. Um exemplo é a pessoa diabética que come açúcar e não toma insulina ou o doente do coração que para de tomar o remédio”, explica o Dr. Marcel Fulvio Padula Lamas, coordenador da Psiquiatria do Hospital Albert Sabin (HAS).
Em tempos de pandemia, o ideal é manter-se sempre em contato, de preferência online, para que a pessoa que está com depressão ou ansiedade não fique muito tempo isolada. “Normalmente, a pessoa não quer se matar, praticamente nenhum suicida realmente quer. O que eles querem, na verdade, é aliviar uma enorme angústia emocional que estão sentindo, embora estejam lutando por dentro para não cometerem nada contra si mesmas”, diz o Dr. Lamas.
É importante salientar sempre que depressão não é “frescura” e sim uma doença que deve ser tratada e combatida como todas as outras. A melhor postura em relação às pessoas que estejam sofrendo de depressão é não menosprezar o que estão sentindo, pois, essas alterações estão machucando-as muito e de modo intenso. “Diante de uma pessoa depressiva, devemos acolhê-la e nos mostrar próximos. Mostrar que ela não está sozinha, que não é um peso e, mais do que qualquer outra coisa, auxiliá-la a procurar ajuda psiquiátrica e psicoterápica. Os dois caminhos associados são ideais para que dúvidas sejam esclarecidas e para que os pacientes possam se recuperar de seus quadros”, observa o médico do HAS.
De acordo com um estudo feito pela consultoria Eureka The Truth, 70% dos jovens brasileiros, que nunca haviam apresentado sintomas psiquiátricos, tiveram piora na saúde mental por causa do isolamento social.
Outros dados relevantes ao assunto são:
“Procurar ajuda profissional que esteja apta a entender melhor os problemas, e muitas vezes até salvar a vida de alguém que esteja passando por esse tipo de problema, é fator preponderante para evitar o mal maior, que é o suicídio. Todos merecem ter uma saúde mental adequada, portanto, não é necessário ter medo, preconceito ou qualquer receio em procurar o auxílio de um psiquiatra ou de um psicólogo. Muitas vezes, o indivíduo pode salvar uma vida só de dar essa oportunidade a si mesmo ou a terceiros”*, finaliza o Dr. Lamas.
*Em casos de extrema urgência, ligue 188- C.V.V – Centro de Valorização à Vida.
Fonte: MCAtrês